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Para Raquel, cirurgia bariátrica é a forma de sair das sombras
12 de Janeiro, 2016

Para Raquel, cirurgia bariátrica é a forma de sair das sombras

Raquel vive nos fundos, na sombra. No trabalho, como vigilante, a meta é ser invisível. Fica sempre atrás de toda a equipe, para que a gordura não manche a segurança. Com os namorados, só tem carinho quando ninguém está vendo. “Não assumo, mas fico”, ela mesma define, com tristeza de doer a alma. Alma que Raquel Silva Rodrigues, mãe solteira de dois filhos, que dá duro para sustentar a casa, tem de sobra. É firme, ainda quando chora. Enxuga rápido as lágrimas, arruma um jeito de dar uma risada. “Ser gordo é muito complicado”. Diz que começou a ganhar peso aos 18 anos, quando engravidou do primeiro filho. Até então, pesava 68 quilos. Hoje, aos 34, pesa mais que o dobro: 155. “Se eu continuar assim, até os 50 estou morta”. Raquel tem medo de morrer, por enfarte ou aos poucos, pelas sombras. Na segunda-feira, vai se inscrever no mutirão para cirurgia bariátrica do Hospital das Clínicas. Quer fazer a inscrição logo no primeiro dia. “Eu sei que tem muita gente. Quero muito que dê certo”. Pessoas de toda a região podem se inscrever no mutirão desta segunda-feira a 21 de novembro. No dia 6 de dezembro, das 8h às 12h, 100 pacientes passarão por atendimento ambulatorial, podendo ou não ser encaminhados para a cirurgia bariátrica. Os pré-requisitos são rígidos. O paciente precisa ser maior de 18 anos, ter dois anos de tratamento clínico comprovado com carta médica (ou de nutricionista) com recomendação de cirurgia e ter índice de massa corporal (IMC) maior que 40 ou maior que 35, com doenças associadas. O processo até a cirurgia pode ser longo. Se selecionado, o paciente passará por atendimento multidisciplinar e precisa perder 10% do peso. Daniel Martone, gastrocirurgião do Hospital das Clínicas, explica o motivo dos critérios. “A cirurgia não é a primeira alternativa. É a última. É uma mudança de vida muito brusca e o paciente precisa estar preparado para os resultados serem bons”. O IMC de Raquel é 58, considerado obesidade mórbida de nível máximo. Ela vê a cirurgia como única e última alternativa. “É minha única chance. É muito difícil conseguir sozinha. Já tentei, mas não deu. Vou renascer”. Conta que já passou por nutricionistas e nutrólogos nas unidades de saúde municipais. Chegou a fazer acompanhamento no Hospital das Clínicas por um ano, mas não conseguiu perder 10% do peso. Nesta quarta-feira, dia 19, completa 35 anos. Espera o emagrecimento como forma de continuar a viver. Espera a cirurgia como melhor presente. “Eu já estou com pressão alta. Penso que posso morrer a qualquer momento. Quero ver meus filhos crescerem”. Critérios para cirurgia são rígidos  Dos 100 pacientes que passarão por atendimento ambulatorial no Hospital das Clínicas, o médico Daniel Martone espera que pelo menos 30 estejam aptos a cirurgia. “Varia muito. Pode ser que todos estejam e pode ser que nenhum. Esperamos que pelo menos um terço tenha indicação para a cirurgia”. Os protocolos que a equipe precisa cumprir, estipulados pelo Ministério da Saúde, são criteriosos. Além disso, explica o médico, é preciso que o paciente esteja preparado para a mudança, e já tenha tentado o emagrecimento por outras formas. “A cirurgia não é o meio. É o fim. É preciso entender que ela não é a primeira alternativa”. O médico explica que os pacientes selecionados no mutirão passarão por procedimentos antes de serem operados. Psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais e fisioterapeutas fazem parte da equipe. O tempo até a cirurgia é indeterminado. “A pessoa precisa perder 10% do peso para mostrar que está focada, preparada para a cirurgia”. Por isso, nem mesmo o mutirão é garantia de cirurgia bariátrica. Os pacientes serão avaliados e cuidados, para que não haja erros. “Tem pessoas que engordam novamente depois da cirurgia, desenvolvem depressão. É preciso atenção”, o médico alerta. Dificuldades de todo tipo A primeira coisa que Raquel quer fazer quando estiver no peso ideal é comprar roupas. “Eu só posso comprar roupas em lojas especializadas, que são muito caras. Só entro em calças masculinas. Meu uniforme de trabalho, eu mesma tenho que adaptar, porque não tem números que me servem”. Ela conta que já tentou dietas e exercício físico. “Eu até cheguei a juntar uma turma para caminhar, mas as pessoas desistiram e eu acabei perdendo a vontade. Não tenho coragem de entrar na academia assim e nem dinheiro para pagar”. A alimentação saudável também é complicador. “Em casa, o dinheiro só dá para o arroz, o feijão e a mistura: o básico. Como eu vou comprar um danone só para mim? Um requeijão, ainda mais light? Não tem jeito”. Raquel ganha R$ 1,3 mil para sustentar a si e aos dois filhos, de 17 e 9 anos.   Fonte: www.jornalacidade.com.br